A operação que investiga possível manipulação de Bruno Henrique, do Flamengo, em partida válida pelo Brasileirão de 2023 partiu de denúncias das próprias casas de apostas, que notaram atividades suspeitas. As notificações foram feitas à Associação Internacional de Integridade de Apostas (Ibia, na sigla em inglês). A entidade monitora casos suspeitos ao redor do mundo e produz relatórios que auxiliam em investigações. O atleta não se manifesta.
Foi a partir de um desses documentos que a Unidade de Integridade da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) começou a acompanhar o caso e notificou a Polícia Federal. Trata-se de um caso em que as empresas de apostas são impactadas por ação do suposto esquema. Um porta-voz da Ibia com quem o Estadão conversou confirmou a produção do relatório a partir das denúncias. Oficialmente, a associação não comenta casos específicos ainda em investigação.
Por meio da Secretaria de Prêmios de Apostas do Ministério da Fazenda, que regulamenta o setor no Brasil, a PF apurou junto a bets que as apostas por cartão amarelo teriam sido efetuadas por parentes de Bruno Henrique e por outro grupo ainda sob apuração. Assim, a operação Spot-fixing cumpriu no Ninho do Urubu, CT do Flamengo, e nas residências de Bruno Henrique, no Rio, e de familiares em Belo Horizonte, Vespiano (MG), Lagoa Santa (MG) e Ribeirão das Neves (MG). Até o momento, não há nenhum mandado de prisão.
Bruno Henrique é suspeito de levar cartão para favorecer apostas em partida contra o Santos em 2023. Foto: Wilton Junior/Estadão
Como foi a expulsão suspeita de Bruno Henrique?
O jogo em questão foi realizado no estádio Mané Garrincha em 1º de novembro de 2023. O Santos vencia por 2 a 1, nos minutos finais, quando aconteceram os lances suspeitos. Já nos acréscimos, aos 50 minutos, Bruno Henrique cometeu uma falta em Soteldo, que segurava a bola no ataque. O árbitro Rafael Klein deu amarelo ao atacante.
Na sequência, o flamenguista se revolta com Klein. Na súmula, o juiz relatou que o atacante o ofendeu com o dedo em riste apontado para seu rosto. “Você é um m…”, disse o atleta, segundo o documento da partida.
“Após ser expulso, o atleta veio em minha direção, sendo contido pelos companheiros. Informo que me senti ofendido”, relatou Klein.
Qual a possível punição de Bruno Henrique por supostamente forçar cartão para favorecer apostas?
Em tese, Bruno Henrique e seus familiares investigados podem responder por crime contra a incerteza do resultado esportivo, que encontra a conduta tipificada na Lei Geral do Esporte, com pena de dois a seis anos de reclusão.
Na interpretação do advogado criminalista e sócio do Cantelmo Advogados, Berlinque Cantelmo, há margem para outras acusações, se comprovado o esquema.
“Há também a possibilidade de associação criminosa que se for comprovada combinação entre várias pessoas para manipular resultados, a investigação pode também focar nesse escopo previsto no artigo 288 do Código Penal, especialmente se houver a intenção de praticar ações ilícitas com impacto financeiro e esportivo”, avalia. O artigo citado por ele prevê reclusão de cinco a dez anos e multa.
Fonte – https://www.msn.com
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